16 de ago. de 2018
5 de mar. de 2018
Sobre café
Sobre arroz
A garota taciturna
O viajante Chibunga.
Ser humano e não ser Pássaro
As laranjas
Cacimbão
Roubar doces
A mãe da lua
A casa sozinha
Bolo na palha da banana
A hora do chá
Sobre lavar os chinelos repetidas vezes
Sobre abacate
Pequenos cortes
Não fui levada.
Os caretas
Em cima do muro
Não cortem o meu cabelo
Sobre arroz
A garota taciturna
O viajante Chibunga.
Ser humano e não ser Pássaro
As laranjas
Cacimbão
Roubar doces
A mãe da lua
A casa sozinha
Bolo na palha da banana
A hora do chá
Sobre lavar os chinelos repetidas vezes
Sobre abacate
Pequenos cortes
Não fui levada.
Os caretas
Em cima do muro
Não cortem o meu cabelo
26 de ago. de 2013
"Encarnação em Macunaíma"
Texto
sobre a leitura de Macunaíma como “encarnação” deste canto novo de brasilidade.
O livro Macunaíma é a obra-prima do escritor
Mário de Andrade e um marco na literatura brasileira. Tendo como berço o
movimento modernista, esta obra de início causou estranhamento pelo seu efeito
impactante em se tratando do caráter simbólico no qual foi alicerçado, e cuja
criação se deu no espaço de seis dias, segundo o autor como o resultado de suas
leituras e pesquisas. Num estilo inovador, Mário de Andrade foi visionário ao
imprimir no seu escrito não somente recursos linguísticos variados e inovadores
como também quando optou pela subversão da noção de espaço e tempo, ao deslocar
à narrativa e consequentemente a personagem principal por diferentes lugares e
inusitadas situações. Assim nascia a figura do herói nacional como marca da
essência brasileira.
Concernente
à vida de todo herói é necessário que este passe por privações e maravilhamentos em sua odisseia para que suas ações possam
em seguida resultar em aventuras e aprendizados. Por se tratar de um herói mítico,
Macunaíma também é dotado de poderes mágicos,
já que pode transmutar-se em coisas e animais em diferentes ocasiões de acordo
com a sua vontade ou a sua necessidade.
A ambiguidade é uma de suas marcas
registradas, assim como a malícia e o seu jeito muitas vezes pérfido e, no
entanto desloca-se no tempo dialogando com o passado remoto e com o presente e
o por vir. Na figura deste herói
observamos contradições que por se só explicam a maneira de agir desta
personagem, pois ao mesmo tempo em que é inocente, ele age com astúcia e ainda
carrega um forte traço sexual, mas que nos é passado pelo autor de forma quase
lúdica, pois esta ação é nomeada de “ brincar”, já que para ele, se trata mesmo
de uma brincadeira, ou seja, de certa forma nos remete a própria linguagem infantil e que pode ser percebida ainda forma
como os animais agem em comunhão na natureza.
Em alguns momentos da narrativa, os cortes
são abruptos e nos tomam de assalto, as cenas ali descritas são ágeis e nos
colocam em movimento ao acompanhar as aventuras do herói e seus irmãos: Maanape
e Jiguê. Esta tríade é percebida em inúmeras narrativas de diversas culturas e
que representam as figuras: do esperto, ingênuo e preguiçoso, e neste que caso é
representado por Macunaíma; do feiticeiro que é representado por Maanape; do
bobo papel conferido a Jiguê. De acordo com a autora Eneida Maria de Souza,
estas figuras simbolizam de forma bastante burlesca, as três raças brasileiras
e por esta perspectiva temos encarnados nestes personagens a representação de
uma etnia una e ao mesmo tempo múltipla, porque ao homogeneizar as etnias
índia, branca e negra e suas diferentes culturas para o que seria por
excelência espelho do brasileiro, o autor também nos forneceu os traços que
nelas são emblemáticos, como por exemplo: a esperteza, a avidez, a preguiça, os
ritos, as superstições, entre outros. Assim desta fusão nasce ” No fundo do
mato virgem” este herói que herda estas características e por isso mesmo se
torna na visão do autor o nosso modelo de herói, o que melhor nos assemelha e
representa, “ herói sem nenhum caráter” que é também um anti-herói, um
desajustado e que vai de encontro a uma sociedade moderna movida pelo progresso
em contraponto a “preguiça” cuja inspiração é a própria Amazônia, a vida nas
tribos, nos vilarejos, nas cidades
simples e calmas .
31 de jul. de 2013
Prática de produção textual I
Trabalho sobre o conto O enfermeiro de Machado de Assis recontado como:
“Memórias póstumas do Coronel Felisberto”
Nasci numa família abastada. Tive sorte. Poucos eu
conheci com a mesma sina. Herdeiro de muitas fazendas e bens, também tinha sob
o meu chicote, os melhores escravos que se podia comprar. Era conhecido nas
redondezas pelo nome de Coronel Felisberto. Um nome muito respeitado pelo clero,
pelos senhores e também pelos nativos daquela região, no momento em que as
minhas ordens eram dadas, eram prontamente atendidas. Uma tradição que
mantivera desde época dos meus ancestrais.
Sendo outrora
uma criança feliz cujos desejos eram realizados tão logo os revelasse, nunca
houve de minha parte nada a reclamar da minha farta criação e ademais, em se
tratando da minha família, eu tinha os melhores cuidados que alguém poderia almejar,
desta feita era natural, portanto, que eu crescesse com vontades atendidas a
tempo. Até para as nefastas pirraças infantis merecedoras de bons corretivos,
ainda pela idade de cinco anos, de minha mãe eu somente recebia mimos, já que
tudo não passava de criancices, segundo a sua bondosa percepção maternal.
Vivi
muito bem. Tudo teria sido proveitoso se não houvesse as intempéries da vida e
com elas as moléstias que me alcançaram perto da idade de sessenta anos e que não
eram poucas. Eu, muitas vezes acreditei que elas se agravavam ainda mais devido
ao meu temperamento um tanto destemperado, se é que assim possa dizer. Pois
bem, vamos as minhas doenças e a aflição que estas me causavam: padecia de um
aneurisma, de reumatismo, e três ou quatro afecções menores. As minhas dores
eram indescritíveis. O desconforto intolerável. Dizer que eram sintomas de
hipocondria, diria que não, eu era um doente de fato. Talvez exagerasse aqui e
ali, mas vá lá que os cuidados eram bem pagos.
Tudo me
fatigava ao extremo. Durante bastante tempo sobrevivi nesta malfadada agonia.
Faltavam-me forças. Via-me sozinho, pois os meus amigos mais chegados nunca me
visitavam, me deixando em completo abandono e assim aos poucos passei a não confiar
mais ninguém. Tive alguns enfermeiros à cabeceira e a exceção do último, eles
para mim não passavam de aproveitadores, dorminhocos e gatunos. Desconfiava de
todos e cria mesmo que me cercavam como se prontos a roubarem os meus bens mais
preciosos. Quanto mais doente ficava, mais me sentia tolhido por pensamentos de
raiva e desconfiança.
Os
aborrecimentos sucediam e me incitavam desde o amanhecer até à hora do
recolhimento, vale ressaltar que havia em mim desde sempre certa dose de
maldade, o que fazia com que me deleitasse com a dor e o sofrimento alheio.
Confesso agora que fui muitas vezes o grande causador destes transtornos por
mera diversão. Podia ser que este modo de agir fosse uma forma de ver amenizado,
os meus próprios infortúnios.
Reconheço,
todavia, que de certa maneira eu também fora um tanto rabugento, mas quem não o
é quando a idade avança e a morte anda a bater a sua porta? Qual não foi a
minha surpresa quando ela não somente bateu como adentrou o meu quarto, naquele
fatídico ano de 1860. Um dia que havia começado como outro qualquer, e, no
entanto selara meu destino final. Assim é o final da existência de todos.
Como defunto
estava ciente que em nada mais poderia inferir, restava-me apenas a sobriedade
para a tentativa de elucidar o que levou este santo enfermeiro a cometer um ato
tão brutal. E, no entanto estava certo que nada descobriria. Pelo seu estado,
notei a fúria que ainda dominava o seu semblante, pois eu o provocara
fortemente, mas também percebi o desespero pelo qual foi tomado após cruel
ação.
Cá estou
eu, após o meu último suspiro atado a minha cama. Com marcas em volta do
pescoço, mas que ele sabiamente escondera ao abotoar-me até o pomo-de-adão, já
se prevenindo de eventuais desconfianças. Não sentia mais o meu corpo. A dor se
foi num átimo. O meu assassino continuava ali bem próximo ao meu leito e eu
percebia que os seus dedos ainda pareciam estar hirtos e brancos.
A verdade
é que a principio eu mesmo causara a minha morte pelas mãos do modesto e pacato
teólogo. Cheguei ao extremo de fato. Não foi ele o primeiro a quem exacerbei ao
limite, mas dada as circunstâncias, fora o último. Aqui dividirei a culpa em
minha e dele. Assim ficamos quites. Como meu último recurso, ele me foi enviado
através da confiança do pároco local com as melhores recomendações.
No
primeiro dia logo que a minha casa chegou, eu estava eu na varanda sentado em
uma confortável cadeira, e naquele momento já me sentia em muito enfastiado. Olhei-o de cima a baixo e senti que aquele
rapaz poderia ser o enfermeiro de quem tanto precisava.
Após ter
feito a minha criteriosa inspeção, eu lhe disse sem meias palavras que nenhum
dos enfermeiros que eu tivera até então prestavam para nada, pois dormiam
muito, eram respondões e andavam atrás das escravas da casa e dentre estes,
dois mesmo eram gatunos. Como ele pasmasse e continuasse mudo, peguei-o e
desprevenido e lancei-lhe a seguinte pergunta: - Você é gatuno? E ele respondeu
respeitosamente com um não senhor. Quando lhe perguntei qual era o seu nome
respondeu-me que era Procópio José Gomes Valongo. Espantado eu indaguei se o
que ouvira fora Colombo. Ele prontamente retrucou que o certo era Valongo.
Evidentemente achei que aquilo não era nome de gente e propus que a partir
daquele momento o trataríamos somente por Procópio e assim foi feito.
Os
primeiros sete dias de convivência foram perfeitos e depois disso eu devo
admitir que não o chamei muito por este nome, pois sempre buscava adjetivos
convenientes a cada situação e em muitas delas o tratei por burro, camelo, asno
e idiota entre outros derivados. Havia ainda um dicionário de impropérios com
os quais tratava os serviçais de acordo com o meu temperamento e ocasião e o
nosso amigo Valongo não escapara a nenhum deles. Assim como fora obrigado a
muitas vezes desviar-se dos objetos que eu atirava em sua direção nos momentos
de crise mais aguda, os palavrões o acertavam em cheio e podia imaginar que o
ferissem na alma já que era um homem devotado a religião. Diferente dos outros,
o mancebo tinha uma paciência de santo comigo, e sempre me tratava com a mais
bondosa prontidão. No fundo eu sabia que não me restava ainda muito tempo e
resolvi sem que em nada lhe dissesse que somente ele seria o meu herdeiro
universal.
A
questão é que agora morto, nada poderia fazer para mudar o meu testamento e o
enfermeiro agora seria um homem de muitas posses. Numa certa ocasião em que me
encontrava de bom humor ainda brincara com ele falando que o queria por perto
quando a minha hora chegasse e que a sua companhia seria esperada até a última
pá de terra sobre o meu caixão. Fui ainda categórico quando disse que ele
haveria de ir ao meu enterro caso contrário, eu disse rindo que voltaria para
assombrá-lo à noite. E não foi nenhuma surpresa quando tudo correu conforme era
esperado de alguém tão dedicado. Ele não somente seguiu o féretro até a minha
ultima morada como antes estivera por toda a noite a velar-me em completo
silencio. Os que chegavam viam nele a expressão de profunda dor e abnegação aos
meus restos mortais e o cuidado em mandar celebrar missas em meu nome como para
apaziguar a sua consciência assassina.
Antonia Renê A. Cleons
16 de jul. de 2013
Prática de produção textual
Trabalho
sobre o conto Missa do galo, do
escritor Machado de Assis sob a perspectiva da personagem D. Inácia.
No silencio da noite de natal.
Como era de costume, todas as noites nós nos
recolhíamos às dez horas e às dez e meia toda a casa já dormia num silencio
sepulcral; no entanto, eu apenas dormitava, pois tinha o sono muito leve e o mesmo ocorria com a minha filha Conceição. Morávamos num casarão antigo na
rua do Senado; uma rua pouco movimentada no centro da cidade. Podia ser que a
visão deste mausoléu a noite metesse medo nos desavisados transeuntes, mais
pelas sombras das árvores no entorno que pelo aspecto de casa assombrada.
Éramos seis: a minha filha conceição de
quem a pouco tratei, moça ainda, na casa dos trinta anos, o meu genro Meneses, um
conceituado escrivão, um rapazola de dezessete anos, parente da falecida esposa
deste, que viera de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar
preparatórios e que se chamava Nogueira, mas formalmente o tratávamos por Sr.
Nogueira e por último, completando nossa pacata família conosco habitavam duas
escravas. Vivíamos bem.
Os dias transcorriam sem maiores acontecimentos
ou aborrecimentos, aliás, quando surgiam inesperadamente, é mister dizer que eram
em tudo irrelevantes. Aconteceu que sendo uma destas noites, a noite de natal,
o mancebo resolveu que iria assistir a missa do galo na corte juntamente com um
vizinho e já haviam inclusive marcado a hora para saírem, uma vez que a missa
começava a meia noite como era a praxe católica.
Assim ficou combinado que o colega
dormiria e seria chamado por ele na hora da saída com leves batidas na janela
de sua casa que era muito próxima a nossa. Pelo menos esta foi à informação que
ele nos passou durante o jantar e pelo que eu pude perceber devido a sua
animação e imaginação um tanto fértil, aquele seria um grande evento em sua
vida. No meu canto da mesa reparando aquela cena enquanto mastigava molemente,
eu pensava com os meus botões: são tudo novidades em sua vida agora, por ser
ele moço e de roça.
Era quieto e muito dado às leituras, pois
sempre nos deparávamos com ele pela casa a ter sempre um livro em mãos, e até
em outros momentos, quando dávamos por sua falta, o sabíamos trancado em seu
quarto deleitando-se com os romances e livros de aventuras, além dos prescritos
pelos mestres. Quanto à tão sonhada missa, nós podíamos mesmo supor que o rapaz
ansiava por demais vislumbrar a beleza de uma celebração singular, já que seria
em tudo diferente das missas celebradas no campo.
Terminado o jantar ele fora ao seu quarto
aguardar o momento e imaginei que novamente o livro seria o companheiro ideal
para que o sono não o perturbasse e afugentasse a sua sacra empreitada. Eu o
admirava por sua postura cordata e apreço aos estudos, o que também era percebido
pelos demais da casa e vale ressaltar aqui a sua forma discreta de lidar com
certas situações. Via-se nele o modelo de um precoce gentleman e dele não diriam as más línguas, tratar-se de algum
provinciano ao algo do tipo, mas alguém de fina estirpe. A sua figura de uma
simplicidade elegante dispensava comentários.
Afoito para adentrar a noite cultural da
cidade, certa vez cogitou acompanhar o meu genro ao teatro, já que este o fazia
uma vez por semana. Na ocasião, após breve insistência e olhares e risos das
escravas, chegou aos seus ouvidos que o “teatro” em questão não passava de um
embuste do Meneses para ter com uma amante, uma mulher separada do marido que
morava não muito longe de nós. Fato este, que outrora deixara minha filha
contrariada, mas que após os meus conselhos preciosos, ela acabou por aceitar e
resignar-se a esta condição. O que de certa forma era cômodo para nós duas, pois
onde mais haveríamos de morar caso ela levasse este aborrecimento adiante?
Como já era esperado, nesta noite em
especial, o meu “ilustre” genro após o jantar iria ter com sua concubina, assim
não nos restava alternativa a não ser nos recolhermos aos nossos aposentos. O
silencio imperava sobre a casa. Antes de ir para o meu quarto depois de um
longo dia, fiz o que fazia de hábito todas as noites após conferir as portas e
janelas: fui à cozinha servir-me de um xícara de chá de camomila. Tudo estava
arranjado. O mancebo levaria uma chave consigo, a outra ficara a porta e o
Meneses não que se separava da sua a trazia no bolso do colete. Pus-me deitada,
mas um ruído e a falta de sono me fizeram levantar e ir á janela observar a
noite que já ia alta. Como eu havia citado no inicio, tanto eu como a minha
filha tínhamos o sono muito leve por qualquer barulho menor que fosse ele, nos tirava
a vontade de dormir por completo.
O ruído que me chamara à atenção vinha da
sala de estar. Um burburinho de vozes quase imperceptíveis. Vozes conhecidas.
Levantei devagar e fui cautelosamente à direção da copa sem fazer nenhum
barulho, a tempo de ver pela fresta de uma das portas de passagem, a minha
filha que proseava com o rapazola numa conversa um tanto íntima e talvez pela
hora não muito conveniente a sua condição de casada.
A conversa mesma não passava de
trivialidades, pois a minha filha naquele momento falava da decoração da casa. É
certo que esta cena vista por outrem, poderia talvez suscitar falatório
maldoso. No meu papel de mão cautelosa sai devagarzinho passando a cozinha e destravando
a portinhola sem fazer barulho algum e na tênue escuridão segui em direção a
janela do nosso visinho. A hora era chegada. Bati levemente três vezes. Ouvi
que passos se adiantavam à porta. Recuei pelo mesmo caminho voltando à cozinha
e depois ao meu quarto. Era chegado o sono.
Antonia Renê A. Cleons
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poEsia
- Renee Lee Cleons
- rio de janeiro, Rio de Janeiro, Brazil
- stado de Hansel!! Não existem palavras e nem coesas seriam se as houvesse. Bem .. é com total encantamento que me rendo.